Mercado imobiliário em Salvador segue aquecido e projeta crescimento para 2026
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O setor da construção civil em Salvador vive um período de otimismo e expansão. Os resultados de 2025 apontam para um cenário promissor em 2026, com lançamentos, vendas e perspectivas de novos empreendimentos mantendo o mercado aquecido. Pesquisas e análises mostram crescimento consistente, especialmente em bairros consolidados e em áreas de expansão, mesmo que os dados finais do ano ainda não tenham sido consolidados.
No início de 2025, Salvador registrou aumento de 318,9% no número de unidades lançadas, saltando de 222 para 930 imóveis em comparação ao mesmo período de 2024. Na região metropolitana, foram 1.330 unidades verticais lançadas, um crescimento de 99%, segundo levantamento da Ademi-BA em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. Embora os lançamentos fora da capital tenham caído 50%, Salvador se consolidou como a principal força desse movimento.
As vendas também surpreenderam: em janeiro, o mercado baiano movimentou R$ 305 milhões em transações imobiliárias, alta de 40,03% em relação ao mesmo mês de 2024. Na capital, o crescimento foi ainda maior, de 65,4%, mostrando que a demanda acompanha o ritmo da oferta.
Outro levantamento, referente a maio, destacou Patamares como protagonista do mercado, concentrando quase 60% dos lançamentos residenciais do mês e registrando a maior taxa de vendas da cidade. Para o presidente da Ademi-BA, Cláudio Cunha, “a combinação de acessibilidade, infraestrutura e proximidade com a orla torna Patamares uma escolha robusta para compradores e investidores. Observamos jovens profissionais, famílias e filhos de moradores optando por permanecer na região, o que reforça a diversidade da demanda e a pluralidade de empreendimentos”.
Além de Patamares, bairros como Caminho das Árvores, Jardim Santa Teresa (34,6%) e Horto Florestal (5,8%) também registraram forte movimentação. Enquanto Caminho das Árvores mantém sua posição como referência de alto padrão, os demais refletem o dinamismo de um mercado capaz de atender desde investidores e jovens profissionais até famílias em busca de infraestrutura e conforto.
Os lançamentos mostram diversidade: studios e lofts representam 50,2% do total, o Minha Casa Minha Vida soma 26,7%, imóveis de médio padrão 19,5% e de luxo 3,6%. O VGV da capital chegou a R$ 308 milhões em maio e acumulou R$ 5,3 bilhões em 12 meses, alta de 68,7% sobre 2024. Para Cunha, o crescimento é “sustentável e estruturado, mesmo diante de desafios macroeconômicos”.
Desafios para os trabalhadores
Apesar do otimismo, sindicatos da construção civil alertam para problemas. O presidente do Sintracom-BA, Carlos Silva, afirma que as dificuldades envolvem riscos de acidentes, falta de treinamento, precariedade em equipamentos de proteção e instabilidade no emprego. “A construção civil é vital para a economia, mas precisamos de fiscalização e políticas que garantam segurança e direitos”, disse.
O secretário-geral do Sintracom-BA, Florisvaldo Bispo, reforça a necessidade de valorização da mão de obra: “É preciso que os profissionais tenham poder de exigir melhores condições de trabalho e remuneração. Sem mobilização, os direitos correm risco, especialmente com terceirizações que podem gerar informalidade e precarização”.
O presidente do Sintepav, Irailzo Gazo, destaca a importância da qualificação e do diálogo: “Investimos em fiscalização, capacitação e diálogo com empresas e órgãos públicos para garantir trabalho decente, salários justos e proteção à saúde. A relação entre capital e trabalho é conflituosa em interesses, mas podemos equilibrar produtividade com valorização do trabalhador”.
Para 2026, a expectativa é de que Salvador mantenha o ritmo de crescimento e geração de empregos. No entanto, sindicatos reforçam que esse avanço precisa estar acompanhado da proteção e valorização dos trabalhadores.